quinta-feira, 17 de novembro de 2011

ENAST de 2013 em Brasília: "PL+2"

A propósito, a próxima sede de ENAST é São Luiz/MA (novembro/2012), escolhida por votação em 2010.

E para 2013, foi acolhida a proposta do departamento de física da Universidade Católica de Brasília, de sediar o ENAST no campus de Taguatinga. O evento é um congresso gratuito, sempre realizado em um dos "feriados prolongados" de novembro (aproveitando o dia 2 ou o dia 15/11). Qualquer pessoa pode se inscrever, o único pré-requisito é que tenha interesse pela astronomia.

A proposta temática é "PL+2", ou seja, já sabemos o que é Poluição Luminosa, agora conclamamos todos a realizar ações de combate à PL, e daqui a 2 anos, vir mostrar o que deu certo, e o que não deu certo também!

O evento terá o apoio do Clube de Astronomia de Brasília (http://www.casb.com.br) e também da UnB. Aguardamos vocês!

PL no ENAST

De 12 a 14/novembro, estive no 14º ENAST (Encontro Nacional de Astronomia, http://www.enast.com.br), evento itinerante que ocorreu desta vez em São Paulo, oportunidade de trocar informações com astrônomos amadores e profissionais de todo o Brasil, e o tema principal deste encontro foi a Poluição Luminosa (PL).

Os participantes foram incentivados a apresentar trabalhos (pequenas palestras) sobre o tema poluição luminosa, e eu apresentei o assunto do qual falo neste blog, mais detalhadamente nos tópicos.

Tivemos uma palestra de um técnico do LNA (Laboratório Nacional de Astrofísica), na qual foi relatada a luta do Observatório do Pico dos Dias (o maior do Brasil, no sul de MG) para combater o crescimento da PL nos municípios vizinhos ao observatório. A abordagem desta instituição de astronomia profissional foi basicamente junto às prefeituras e concessionárias do serviço de iluminação pública, e o sucesso tem sido parcial, ou seja o crescimento da PL diminuiu, mas ela continua crescendo. Os governos mudam, e os programas anti-PL vão por água abaixo.

Em seguida houve uma "mesa redonda" sobre PL, na qual se discutiu as possíveis ações nas quais poderemos trabalhar. Quais são as melhores frentes contra a PL? O que dá resultado? Houve até proposta de projeto de lei, mas como acreditar que não vai ficar engavetado, se o político só se mexe quando vê dividendos políticos em suas ações? Qual resultado vamos ter se a população desconhece o que é PL e quanto é fácil combatê-la?

Particularmente fiquei desapontado com o desconhecimento manifestado por centenas de astronomos amadores e profissonais, técnicos em iluminação pública, e estudantes em grande número, presentes na "mesa redonda", quando se abordou o assunto "Iluminação por LED". Ninguém sabia que os LEDs de luz branca são muito mais prejudiciais ao ambiente (geram muito mais PL visível ao olho humano) do que as lâmpadas amarelas de vapor de sódio. Pedi a palavra para explicar, já que tinha estudado sobre o assunto, mas só tive permissão para falar ao final do evento. Antes tarde do que nunca, expliquei que nos meus estudos sobre a PL encontrei vários documentos sobre a relação entre a temperatura de cor e a PL:
http://docs.darksky.org/Nightscape/Article_SeeingBlue.pdf
http://docs.darksky.org/Reports/IDA_Blue-Rich_Light_White_Paper051710.pdf
http://www.cormusa.org/uploads/Lamp_Spectrum_and_Light_Pollution.pdf

Também assisti a uma apresentação sobre ações de conscientização sobre a PL feitas por alunos de uma universidade no Maranhão, tendo como alvo os alunos do ensino fundamental. Este "alvo" mostrou-se bastante interessante a todos no encontro, acho que vale a pena investir em tentativas de inclusão do assunto nos livros didáticos. Hoje vemos crianças ensinando os pais a não jogar lixo na rua, por exemplo. E qualquer criança sabe que um caminhão emitindo fumaça está poluindo o ar. Porque não estender essa lição de cidadania mostrando a elas o mal que faz uma luminária mal direcionada, e quão fácil seria ter o céu de volta?

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Bons e maus exemplos

Esplanada dos Ministérios: no Museu Nacional Honestino Guimarães, Oscar Niemeyer dá um bom exemplo de preocupação com a poluição luminosa (PL), ao projetar torres de iluminação com proteção:

Na praça que cerca a Biblioteca Nacional e o Museu Nacional Honestino Guimarães, na praça dos 3 poderes, temos 3 grandes torres de iluminação, com refletores protegidos, que barram a luz que vai para cima.
Zoom em um destes conjuntos de refletores
Embora a proteção evite a propagação de luz acima do horizonte, ela não impede o ofuscamento. A proteção deveria ser um pouco mais baixa (ou os refletores colocados um pouco mais acima).
Luzes queimadas, Lua acesa!

Temos outros bons exemplos por aí, como esta praça na Candangolândia, iluminada por 6 luminárias de vidro plano, cuidadosamente niveladas na horizontal:




Contrasta com este cuidado, outro novo símbolo da cidade, a ponte JK. Esta sim, um verdadeiro monumento ao desperdício de dinheiro e de luz:

Postes centrais com ótimas luminárias de vidro plano. Porém, instaladas em ângulo com a horizontal, produzem PL. Mas este é dos males o menor...
Nas laterais, há um caminho para pedestres, que mesmo sendo bem iluminado pelos postes centrais, recebe esta tal de iluminação indireta, que desperdiça mais de 50% da luz. (são 3 KM que os ciclistas têm que percorrer "desmontados" por estarem usando uma passagem de pedestres, e também porque são proibidos de usar as faixas de rolamento das pontes. Um atentado à mobilidade urbana, mas isso é assunto pra outro tipo de blog)

Um zoom neste atentado ao céu, e flagrante desperdício de energia e dinheiro: a iluminação pública indireta.

Os arcos são iluminados por baixo, por meio de refletores instalados no topo dos postes de iluminação da pista e da passagem de pedestres...

Estes refletores não possuem nenhum mecanismo de direcionamento especial, são refletores absolutamente comuns, projetados para iluminar grandes áreas. Quando direcionados pra cima, só uns 10% da luz vai na direção dos arcos, o resto é PL pura!

O resultado: um belo monumento ao desperdício e à PL! A foto, por saturar nos postes, não dá a real dimensão do desperdício. Para efeito de comparação, ver o brilho da ponte em relação ao resto da cidade, ao fundo (que não é escura!)

Esta ponte ganhou diversos prêmios de design por aí. Será que se os jurados (arquitetos e urbanistas) tivessem noção do que é a PL, isso aconteceria?